domingo, 4 de outubro de 2009

Bifes de fígado

Eu agradeço a Deus pela infância privilegiada que tive no interior do Rio Grande do Sul. Fui criada completamente livre, e longe das paranóias ocasionadas pela violência que os grandes centros carregam junto com a sua infra-estrutura.
Boa parte dessa infância foi compartilhada com os meus primos. Um deles, especificamente, passava as férias de verão inteiras na cidade onde eu morava. Foram os meses mais divertidos da minha vida.
Quando minha mãe engravidou da minha irmã eu tinha 8 anos, 14 Barbies, um primo, e nenhum juízo. Como já mencionado anteriormente, das Barbies não sobraram nada depois do nascimento da minha irmã, o primo continua o mesmo desde os seus 7 anos, e o juízo... vai melhorando com o tempo.
O médico da minha mãe indicou que ela comesse bifes de fígado, porque é rico em ferro e ajudaria no bom desenvolvimento do bebê. Meu primo e eu estávamos aproveitando um dos longos dias das nossas férias quando minha mãe nos chamou pedindo que fôssemos comprar 1Kg de fígado no açougue.
Eu também já comentei anteriormente sobre os meus lapsos de memória... Pois bem, se eu não lembrava o que exatamente era pra comprar, o meu primo, muito menos. Chegando no açougue pedimos 1 fígado inteiro, ao lugar de um singelo Kg.
E um fígado bovino inteiro é grande, especialmente para crianças de 6 e 7 anos. O balconista do açougue colocou aquele órgão em uma sacolinha plástica, a qual nem eu nem meu primo conseguiriamos carregar sozinhos, mas lá fomos nós. Cada um pegou em uma alça da sacola para distribuir o peso e conversávamos animadamente a caminho de casa.
Na metade do caminho, senti um súbito alívio no peso da minha alça, e demorou alguns passos até meu primo e eu pararmos de caminhar e perceber o que tinha acontecido... Era óbvio que aquela sacolinha ia arrebentar, mas nós só constatamos isso quando vimos aquele fígado ensaguentado rolando estrada abaixo.
A estrada era de terra, sem nenhuma pavimentação, e o sangue daquele troço misturado com terra vermelha criou uma crosta de barro por cima da carne.
Ajuntamos de qualquer jeito aquele pedaço de 'bofe', cravando as unhas e carregando no colo como podíamos, "como dois urubus" segundo a descrição da minha mãe. E chegando em casa largamos aquela carcaça ensanguentada e embarrada em cima da calçada.
Naquela época eu não pensei muito na consequência que aquela cena traria a uma mulher grávida, mas foi ainda menos agradável do que o fígado destroçado.
Minha mãe literalmente não sabia se ria ou se chorava, enquanto nos xingava mandando levar aquela coisa pra longe dela.
Nós interrompemos de forma irreversível a prescrição do médico, minha mãe não conseguia mais nem sentir o cheiro de fígado pelo resto da gestação. Mesmo assim, graças a Deus, minha maninha nasceu firme e forte, e afinal de contas aquele ferro nem fez tanta falta assim.

6 comentários:

  1. Existem controvérsias!
    Pelo que eu saiba nós pedimos 1kg de figado mesmo, e a culpa foi do açoguero que deu uns 10 kg.. ahAUHUuhAHUhuauha
    mas nós levamos pra casa ainda achando que era 1 kg (poca falta de noção)...huahuauhahua

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  2. ÓH CÉUS OH VIDA...cada dia do mais risada com tuas histórias..Bah até meu deu uma vontade de comer bife de figado..ahahaha

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  3. eu quase pari o Jr rindo dessa história! hahahahahhahahahhahaha... por isso que amo vcs!

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  4. AHUEHUAHEUAHEUHAEUHAUEHUAHE
    Choreeei de taaanto ri aqui Di.
    Ameeei tuas históriaas..

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  5. Eu choro rindo aqui amiiiiga...tu me maata!!!

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  6. hehehe sem comentários né Di! Só podia ser tu e o Rafa mesmo... ainda bem que eu não tava por perto.. se assim já não consigo nem chegar perto de bife de fígado imagina com essa cena!!!!! bjão prima!

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