quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ratos e baratas natalinas

Ah, o natal... Época de amor ao próximo, paz, esperança, confraternização... época de lembranças... Acho que uma das partes que compõe o espírito natalino é a incitação de antigas lembranças, memórias de infância, fatos marcantes... e na minha família não poderia ser diferente. Nada como a ceia de natal e a troca de presentes pra despertar aquela vontadezinha de falar do passado – a outra opção era o especial de natal da Xuxa na TV.
A primeira a começar a falar foi a minha irmã, perguntando à minha mãe se ela se lembrava de uma vez em que um rato subiu na bunda dela no vaso sanitário – como se fosse possível esquecer! (Da série Coisas que Só Acontecem em Cerro Largo). Não querendo nos poupar dos detalhes sórdidos ela esmiuçou a cena em que ela sentava no vaso, sentia uma cócega nas pernas, na parte inferior da coxa, e depois via um ratinho espiando com a cabecinha entre as suas pernas. Não sendo essa uma imagem bizarra o suficiente minha mãe complementa com algo do tipo: “Não, não lembro não! ‘Tu gritava’ como se tivesse visto fantasma, como se tivessem tentando te matar. Já estava parada aqui fora na calçada, com as calças abaixadas, e ainda gritando igual uma louca sem falar o que tinha acontecido!”. E olhando pra mim com a maior naturalidade arremata com: “Tive que dar um daqueles tapas na cara, de cinema, sabe? ...pra ela se acalmar, tava num ataque histérico.” – Claro mãe, acontece nas melhores famílias.
Minha irmã tocou no assunto porque tinha visto um sapo dentro de casa, e comentou que até não tem tanto nojo de barata, insetos em geral, mas tem muito nojo de ratos e sapos... Pra não ficar de fora desse genuíno espírito de natal eu também resolvi dar a minha contribuição: “Eu também não tenho muito nojo de barata, tanto que já dei um beijo de língua em uma!”, e infelizmente essa é outra das minhas estórias baseadas em fatos reais...
Aconteceu em uma noite quente de verão, quando a minha mania de velha de levar água pro lado da cama estava só começando. Nesse dia tinha perdido a tampa da minha garrafinha de 500ml, mesmo assim enchi de água e a levei pro quarto. Como era de se esperar em uma noite de 40ºC e sem ar condicionado, acordei morta de sede, e fui beber a minha água com os olhos semi-fechados, tateando a garrafa. Má idéia... eu literalmente fui com muita sede ao pote. Senti uma coisa estranha na boca, uma coisa sólida, e com patinhas. Quando me dei conta já tinha dado um modesto chupão na barata – mas só na metade que tinha entrado na minha boca – tentando sugar a água que não descia. Mas tudo bem, tudo tem seu lado bom. Hoje conto com naturalidade essa estória porque funcionou como um tratamento de choque. Não posso mais dar escândalos ou me sentir enojada de ver uma barata no chão de um restaurante ou em uma cozinha depois de já ter beijado uma. (Ah, se fossem elas que virassem príncipes...).
Enfim, lembrei dessa conversa toda porque hoje minha irmã está aqui no meu apartamento, me visitando, e jogou uma perereca na minha boca... Brincadeirinha, foi só um sache de chá gelado! Mas recomendo a todas as irmãs mais novas, a sensação de queda de pressão e repulsão é bem similar.

sábado, 6 de novembro de 2010

Brasil, meu Brasil brasileiro 3

Parecia ser mais um típico final de semana de surf. Céu ensolarado, calor, boas ondas, pouco vento, e quatro amigos descendo a serra rumo ao litoral norte paulista. Não que essas condições sejam realmente necessárias para um dia de surf, pois por mais inóspito que o mar possa estar no auge do inverno paulista lá estão eles, pranchinha em baixo do braço e sorriso largo no rosto, como se os 2º Celsius que o mar pode lhes oferecer naquele momento fosse uma convidativa e morna jakuzi.
Mas naquele dia tudo conspirava ao seu favor. A não ser por um pequeno detalhe: enquanto desciam a serra conversando animadamente, eis que um policial rodoviário militar, inesperadamente, mandou os garotos parar o carro no acostamento.
Agora um pequeno devaneio: Claro que um policial tem todo o direito de mandar quem ele bem entender parar o carro, para revistar ou o que for. E entendo que um carro cheio de moleques surfistas seja convidativo, afinal, apesar de achar que a nossa geração tem se mostrado bem mais saúde do que a dos nossos pais, facilmente num carro desses se encontraria pequenas infrações como ausência de documentos por se tratar do carro do pai, ou quem sabe ate mesmo um baseado... e em verdade constata-se que a “convidatividade” do alvo foi o único motivo para o carro ser parado, já que estava dentro do limite de velocidade e fisicamente estava em perfeitas condições.
Enfim, carro estacionado e circo iniciado. Ao invés de pedir documentos, e fazer perguntas corriqueiras do tipo “Pra onde vocês estão indo?” e “De quem é esse veículo?”, o guarda entoa uma única sentença que parecia ser muito bem ensaia e praticada: “Vocês querem me mostrar o que tem aí e já acertar tudo e ir embora, ou querem que eu mesmo encontre?”. (Vocês pensam que as gorjetas de final de ano destinadas a complementar o 13º salário começam só em dezembro? Não nos tempos de hoje, em outubro a mendicância já está oficializada...).
Com uma elegância política – e sem nada a dever, já que nunca nenhum deles tinha chegado perto de drogas – o motorista do carro responde: “Pode procurar, fique a vontade.”.
Completamente indignado – ou arrependido por ter parado o carro errado – o guarda começou seu trabalho de busca digno de cão farejador. Enquanto remexia todo o carro tinha o cuidado de não deixar nada no seu devido lugar e ser o mais grosseiro possível. Ao perceber que o carro realmente estava limpo, e não ia encontrar nada lá, passou a revista aos ocupantes do carro (coisa que por si só já é abuso de autoridade, considerando que ninguém tem o poder de revista com ausência de uma autorização oficial, ou ao menos uma queixa ou suspeita que possa por em risco a segurança pública... mas enfim, não esperamos que um oficial cuja primeira sentença foi um pedido de suborno respeite a lei, tampouco se guie pelo bom-senso.).
Primeiro a revista começou conforme o procedimento, correndo as mãos pelas pernas a procura de armas ou qualquer saliência que levante suspeita. Depois, o guarda pediu que os ocupantes do carro tirassem a camisa. (Vocês acham que aí sim foi abuso de autoridade? O melhor ainda está por vir...). Não satisfeito com a semi-nudez o guarda mandou os meninos abaixarem as calças. E quando finalmente vestiam apenas as cuecas, uma por uma ele as puxava para dar uma conferida (finalmente ele resolveu verificar os documentos! E eu pensando que ele tinha esquecido!). Para dois deles ainda foi solicitado que levantassem o pênis e o "saco", mas tudo em prol da lei, povo brasileiro, porque tanta revolta?
O guarda não foi tão rude, afinal. Ao terminar o serviço ele fez questão de esclarecer que tudo que foi feito foi apenas procedimento padrão (aonde? Na caça aos judeus ou na senzala?), e ainda teve a delicadeza de os confortar dizendo que tiveram sorte por terem sido parados a luz do dia, que se fosse a noite eles iam se dar mal. (Ufa!)
O problema desse país não é apenas a falta de policiamento na rua. Primeiro porque se todos os policiais cumprissem a ronda a qual são destinados nenhum lugar ficaria descoberto. E segundo, se existisse um efetivo acompanhamento do trabalho deles, se não fechassem os olhos para as conhecidas laranjas podres, e os concursos não funcionassem a base de QI (o famoso Quem Indica) talvez as coisas pudessem estar melhores. Os bandidos vão começar a sair das ruas quando tirarem os bandidos de dentro da polícia e dos cargos oficiais desse país.

Texto dedicado àquele senhores que gostam de revista em cuecas – pois é lá que eles guardam o dinheiro destinado a segurança que eles tiraram dos cofres públicos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A casa de praia de Deus

A Bola de Neve, apesar do nome, acreditem, é uma igreja. Mesmo sendo uma igreja evangélica tradicional tem atraído milhares de fiéis pelo seu estilo descontraído e a linguagem atual com que as pregações são ministradas. Quer dizer, talvez não seja considerado assim tão tradicional os louvores a Deus serem entoados em tons de raggae e rock, nem o altar ser uma prancha de surf e a decoração se resumir em quadros de surf e golfinhos, mas eu acho a idéia sensacional. A casa de Deus com decoração roots abriga todas as tribos: patricinhas, rockeiros, rastafáris, punks, alternativos, enfim, todos os que possuem o objetivo em comum de ficar mais perto de Deus, se tornarem pessoas melhores e fazer o bem.
Como em qualquer lugar com tanta mistura de tipos humanos, situações cômicas podem ser facilmente observadas. Sempre tem aquela pessoa meio sem noção, que não ta nem aí pra o que os outros pensam, e inevitavelmente atraem a nossa atenção.
Eis que em plena pregação de libertação de qualquer mal, qualquer doença, qualquer sentimento negativo que pudesse estar em nossas vidas, prestamos atenção em algo curioso. Enquanto o pastor fervorosa e monossilabicamente gritava “Sai!” pra todas essas coisas negativas, se ouvia um fiel, amigo nosso, gritar uma sílaba a mais depois do uníssono coro de “sai”. Quando a igreja silenciava ouvia-se apenas dele um “tra”.
Esse “tra” foi percebido umas três vezes, consecutivamente. Até que conseguimos discernir que, o que ele gritava, em contrario a toda a igreja, era “Entra!”. Ficamos ainda mais curiosos. Porque ele estaria gritando “entra”? O objetivo era que saísse todo o mal, toda doença, enfim. Então o pastor pediu que cada pessoa que acreditasse que sairia renovada dali colocasse a mão no local onde esperava cura ou melhora. Se fosse sentimental que colocasse a mão no coração, se fosse alguma dor que colocasse a mão sobre o local que estivesse doendo, que a cura viria.
Olhando pro nosso amigo, lá estava ele com a mão atolada na bunda! Aos poucos fomos ligando os pontos e entendendo: o problema dele, a doença a ser curada, era hemorróidas. Ele gritava “entra” porque se gritasse “sai” iria piorar mais ainda sua situação. O que ele realmente queria era que aquilo voltasse de onde veio!
Não sendo essa situação cômica o suficiente, mal sabíamos que o pior ainda estava por vir. Depois de mais alguns minutos de oração o pastor falou: “Agora vamos interceder pelo irmão ao nosso lado. Coloque a mão sobre o local onde nosso irmão pediu a cura, e ore por ele.”. Oração é coisa séria, mas preces a parte, todos irrompemos em gargalhadas enquanto o irmão ao lado do cara das hemorróidas nos olhava com uma cara de “putz!”. Aí está uma grande prova de amizade! Os dois eram amigos e, apesar da hesitação, o amigo colocou a mão na bunda do outro pra orar por ele, enquanto jogava mais uns “Entra!” dentre seus clamores.
Finda a oração o pastor garantiu que todos estariam curados. O menino das hemorróidas, incrédulo, se agachava e tossia para testar sua melhora, ao passo que comemorava, gritava que estava curado, e abraçava o amigo que orou por ele. Deus é pai!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Passado negro

Está passando na televisão um comercial de carro onde falam que lama rejuvenesce. É uma proposta “diferente”, com um monte de gente com lama na cara cantando “forever Young”... Enfim, o referido comercial despertou em mim memórias relacionadas também à lama da minha infância (literalmente).
Se meus primos e eu já não sabíamos o que inventar em dias de sol, quando tínhamos à nossa disposição mil e uma variedades de brincadeiras ao ar livre, imagine só em dias de chuva! Em um desses dias minha mãe pediu pra minha prima e eu buscarmos chá de marcela pra ela. A chuva tinha dado uma trégua, então essa era uma oportunidade pra minha mãe que, alem de conseguir o chá, teve um argumento pra nos tirar de dentro de casa. Lá fomos nós, minha prima e eu, cantarolando, pisando numa possinha d’água aqui, outra ali, respingando um pouquinho de barro na outra... até percebermos que já estávamos chegando no vilarejo vizinho ao nosso, sem nem uma folha de chá na mão, e com barro dos pés a cabeça. Mas a preocupação maior não foi nem com a falta de chá, nem com a distancia, e sim com o sermão que ouviríamos ao chegar em casa...
Muito espertas e sem nenhuma noção, ainda fizemos todo o caminho de volta sem colher nenhum chá, e ensaiando uma ceninha esdrúxula pra pôr em prática quando chegássemos em casa. A estratégia era fazer cara de coitadinhas, e dizer em uníssono: “Não vai chingar?”. Óbvio que não deu certo. Além de a minha mãe ser mais do que vacinada com as nossas caras de santinhas, a gente ainda caiu na gargalhada depois de dizer a frase pré-programada (quando percebemos que pondo em prática nosso plano soava ainda mais ridículo que nos ensaios). Apesar do ‘momento sem noção’ minha mãe não nos chingou – grande erro. Aquela ‘porcaria’ nos rendeu apenas um banho gelado de mangueira no gramado de casa, e não foi o suficiente para aprendermos a lição.
Os nossos banhos rejuvenescedores se repetiram muitas e muitas vezes. O próximo foi no meio dos canteiros de plantação do meu pai, dessa vez foi com meu primo mais novo. Alem de nos embarrarmos dos pés a cabeça – ele com uma camiseta branca – e de estragar a plantação do meu pai, ainda fomos desfilar pelo centro da cidade, orgulhosos pelo estado lamentável com que conseguimos nos colocar. Cumprimentávamos os vizinhos, que estavam boquiabertos nos olhando, como se não houvéssemos notado nada de novo e desconhecêssemos o motivo da admiração...
Nas mesmas férias, e com um pouquinho mais de lama, meu primo e eu fomos ao “Lago Negro”, uma poça de água suja –como o próprio nome sugere – em que nos banhávamos nos dias de muito calor. Esse Lago Negro era longe das nossas casas, e fomos de bicicleta. Acabamos perdendo o horário e quando nos demos por conta já estava quase anoitecendo. Apesar de pressentirmos a preocupação dos nossos pais, meu primo encontrou uma pedra brilhante no caminho. E tão brilhante quando a pedra foi a idéia dele de levá-la para casa. A pedra tinha pelo menos o dobro do tamanho da sua cabeça. Obviamente ele não conseguia equilibrar a pedra sobre a bicicleta, então preferiu ir a empurrando, a pedra sobre o banco. Como já estava escurecendo e nós não estávamos prestando muita atenção no caminho, meu primo que estava a pé pisou em uma poça imensa de lama que o afundou quase até o joelho. E ao trazer o pé de volta a superfície percebeu que o chinelo tinha ficado na poça. Começamos uma caça desesperada ao chinelo – agora com pressa de ir pra casa, porque junto com a escuridão aumentava o nosso medo. Quando finalmente o achamos mais uma vez estávamos cobertos de lama, loucos pra ir pra casa, e meu primo ainda queria carregar a maldita pedra! Consegui convencê-lo do contrario bem a tempo, pois quando chegamos em casa – por volta das 21:00h, nossas famílias estavam prestes a colocar a policia atrás de nós.
Ainda nessas férias nós dois conseguimos estragar o carrinho de mão em que meu tio buscava leite para a sua fabricação de queijo. Meu tio – inconseqüente – pediu que levássemos o carrinho até a minha casa porque mais tarde ele buscaria alguma coisa por lá... do lado da minha casa tinha um morro com cascalho solto. Uma rua esburacada e mal cuidada, mas com uma ladeira convidativa pra duas crianças possuindo duas rodinhas! Sem hesitação alguma – e ainda menos juízo – começamos a nos empurrar ladeira abaixo. Um ficava dentro do carrinho, e o outro empurrava, o mais rápido quanto possível. Repetimos isso dezenas de vezes, até que, em uma delas, enquanto eu empurrava meu primo, esbarrei em uma pedra de cascalho maior do que as outras e o carrinho não agüentou. Ao passo que a rodinha travou, eu caí por cima do meu primo e do carrinho, e descemos os três rolando estrada abaixo. O carrinho ficou inutilizável. A roda virou um pedaço de ferro retorcido sem forma definida. E com a maior cara lavada e os joelhos ralados ainda tivemos a cara de pau de falar pro meu tio que não tínhamos feito nada e que não sabíamos o que tinha acontecido com a roda... “Já tava assim quando eu peguei”, desculpa clássica!
Todo mundo tem um passado sujo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Lacaiage

Estava chegando em mais um desses jantares de família – dos quais não se tem a pretensão de desfrutar de uma grande diversão, apenas boa comida – quando um encontro e conseqüente amizade aconteceram de súbito. Um casal (que tinham idade para ser meus pais) me proporcionaram momentos de gargalhadas e distração que só os amigos de infância conseguem despertar. Ele, um militar – domado pela esposa, eu pensei – e ela, uma nordestina ‘arretada’ que, como todo nordestino, tem uma grande inclinação ao humor.
Todos riamos até chorar enquanto ela, saudavelmente, desfazia o cargo do marido – militar da aeronáutica – falando que era ele quem carregava as bagagens no aeroporto, e que se sentia realizado quando via aquela etiqueta “Cuidado, frágil”, porque ali podia descontar toda a sua raiva contida. Ela sabe que, quando ele chega em casa ‘mansinho’ alguma caixa frágil está chegando desmontada (a pontapés) ao seu destino. (Risada diabólica). “Quando ele não está com as bagagens, está empurrando aquele carrinho com uma vassourinha em baixo, sabe?”, ela completava, com a seriedade de uma juíza.
Falando da infância, traços de um humor trágico se distinguiam no meio do escracho. Era as gargalhadas que ela contava que, junto com as quatro irmãs, o pai (também militar, da época da ditadura) a levava ao barbeiro para passar a maquina no zero. De cabeça raspada, as cinco ficavam em fileira militar (por ordem de tamanho) na frente de casa, enquanto o pai as “banhava”. Com a mangueira esguichava a água gelada nas cinco como se estivesse lavando um muro, ao som de “esfrega atrás da orelha, soldado!”, “agora vira 02!”, e afins...
E mesmo com essa infância cômica que, alguns poderiam chamar de difícil, eis que ela me ensinou uma técnica que a fez sobreviver, e que pode mudar a minha vida (talvez a sua também, vai saber...). Eu estava contando – do alto da minha calma – da vontade que tenho de socar as pessoas que me chamam com um “PSIU” no meio de um avião lotado. O que essas pessoas esperam com um “psiu”, aliás? Tá vazando, colega? E, alem disso, “psiu” serve pra qualquer pessoa! Porque a criatura que chama por “psiu” acha que ele vai acertar justamente a pessoa com quem ela espera falar? Ou a intenção é chamar a atenção de todo mundo mesmo? Enfim, não obstante com o “psiu”, ao receber minha mais cordial indiferença a pessoa ainda completa me cutucando! Meu irmão, essa cutucada desperta meu instinto ninja! A primeira reação, automática, é o olhar mortal do tigre maluco. (E isso é sério). Mas, é aí que entra a técnica da minha amiga nordestina: cantarolar mentalmente minha música favorita. Simples e eficaz, além de você não ouvir o que o sujeito inconveniente está falando, ainda vai ficar com um semi-sorriso e uma cara de louca. Talvez até balance a cabeça com a melodia, mas aí exige bastante concentração e treinamento. “Se ela dança, eu danço, Se ela dança, eu danço...” ela usou como exemplo. Mais uma vez caí na gargalhada. E de agora em diante será assim:
- Moça, onde fica a conexão?
- Ali nessa placa onde está escrito “CONEXÃO”, senhor. (Se ela dança, eu danço! Se ela dança, eu danço!”
- Moça, tem como pedir pros outros passageiros fecharem todas as suas janelas? O sol está me incomodando.
Nem respondo, apenas (Se ela dança, eu danço...), e vou embora.
Ainda não testei, mas me parece bem eficaz. Mas atenção, um alerta, não vai funcionar se sua musica favorita for algo do tipo “Meu amor, eu te odeio, você me perturba e um dia ainda vou conseguir te matar...” do Bili Rubina.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Uma gafe do meu tamanho

Todos vocês, meus caros leitores, devem suspeitar da minha vontade de ser jornalista, caso contrario não alimentaria tão insistentemente esse blog que, atualmente, é só uma perda de tempo, mas que pode me tornar reconhecida no futuro! – Sonho meu, sonho meu, tudo pode acontecer...
Enfim, em um desses vôos da vida, eu levei um passageiro ilustre! Um daqueles ‘baita’ jornalistas da rede Globo que fazem com que a gente se sinta a pessoa mais ignorante da face da terra, perante tanta informação, conhecimento e articulação. Esse jornalista foi conversar comigo, reles mortal, e do alto de seus mais de vinte anos de carreira me perguntou qual era a diferença de fuso horário em Fortaleza – destino da sua viajem. E, convenhamos, de fuso horário eu entendo (marcas da aviação), respondi pronta e seguramente.
A partir daí se desenrolou uma conversa sobre a sua carreira, e sobre meu interesse em seguir a profissão. O consultei sobre a importância e necessidade de se ter um diploma de curso superior em jornalismo mesmo que agora o mesmo não seja mais exigido para se atuar na área. Mantemos uma conversa bem articulada e inteligente – eu tinha que impressionar o cara! - E uma meia hora depois, já totalmente “brothers”, concordamos que um dia eu seria sua colega de trabalho. Sério, eu fiquei emocionada.
Cheguei em casa depois daquele vôo totalmente deslumbrada! Contando pra todo mundo o que tinha acontecido! Ate que meu namorado (estraga prazeres) perguntou:
- Você pegou um contato dele?
- Não.
Eu não peguei um contato dele! E isso ficou na minha cabeça nos últimos três meses. Até ontem, quando o reencontrei coincidentemente no meu vôo! Meus olhinhos brilharam igual uma criança vendo o Papai Noel quando o avistei na fila de embarque. E pra minha surpresa ele me cumprimentou cordialmente se lembrando de mim e da nossa conversa de três meses atrás. Impagável!
Na primeira oportunidade que tive larguei todo meu trabalho e fui conversar com ele:
- Oi, tudo bem? Você lembra de mim?!
- Claro que eu lembro! Nós voamos juntos há uns três meses atrás, você é a menina que gosta de escrever, estava entrando na faculdade de comunicação...
(Me achei!).
- É, isso mesmo! Nossa, aquele dia eu cheguei em casa com a certeza de que eu seria a pior jornalista do mundo...
- Ué?! Por quê?! – ele indagou um pouco confuso.
- Porque eu voei com Caco Barcellos e nem sequer pedi um contato! Um cartão, um e-mail, um sinal de fumaça... Qualquer coisa!
Depois de rir muito, ele responde:
- E isso que eu nem sou o Caco Barcellos...
Um minuto de silêncio – o necessário para eu reencontrar o chão sob meus pés e juntar a minha voz que tinha caído sobre ele:
- Não é? – completamente perdida.
- Não, eu sou o Edney Silvestre. Mas não seja por isso, ta aqui o meu cartão, entra em contato sim, manda seu currículo...
Eu queria chorar. Se tivesse alguma fresta aberta naquele avião eu teria pulado. Santa pressurização que não deixa fendas e salvou minha vida nesse momento.
Como o constrangimento em pessoa, pedi mil desculpas, falei que os dois eram parecidos e eu realmente tinha me confundido. Apesar de ele ter falado que isso era muito comum e muita gente os confundem eu fiquei roxa de vergonha o resto do vôo, não me atrevendo a chegar perto da sua poltrona novamente, ao passo que pensava: “Realmente Diane, tu vai ser sim a pior jornalista do mundo.”.
No mesmo vôo estava a Regina Duarte, ainda tive que agüentar as minhas colegas me zoando todo o percurso com piadinhas como:
“Você viu também que a Paloma Duarte ta aí? Ou seria o Lima Duarte...”, ou “E ai? Conseguiu uma vaguinha la no Profissão Repórter com o Caco?”, ou até: “Sabe quem eu conheço que posso te indicar?? O Pedro Bial, aquele que apresenta o No Limite!”.
Não tinha nem como me defender, foi merecido. Até mesmo o Edney Silvestre entrou na brincadeira. No final do vôo, muito simpático e educado, mais uma vez ele falou que estaria esperando meu e-mail. Não sei dentro de quanto tempo eu terei coragem de falar com ele denovo, mas agora o contato está aí...





E segue o baile!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Animais de estimação

O assunto animais de estimação sempre nos remetem a lembranças boas, a família, aquela casa no sítio e os bons momentos que seu companheirinho lhe proporcionou, certo?
Errado. Esse é, na realidade, um assunto muito delicado pra mim, já que no quesito fauna eu nunca tive muita sorte, tampouco boas lembranças.
Tudo começou com as minhas Tetéias. Já coloco esse substantivo próprio no plural porque a minha vira-lata que morreu foi substituída por outra, Tetéia segunda, como se eu não fosse perceber. Minha mãe subestimou a experiência adquirida nos meus três anos de vida e achou que me enganaria facilmente, mas não. Ela até pôde me fazer acreditar que minha Tetéia original foi morar com outros cachorrinhos, mas não que ela não tivesse sido trocada, disso eu nunca tive dúvidas. Mas enfim, a segunda Tetéia também não durou muito não. E eu acredito que tenha acontecido algo trágico com ela já que na época minha mãe preferiu não se pronunciar a respeito.
Depois delas teve o Bob, um cachorro que fazia jus à ciência que descobriu que apenas seres humanos usufruem de alguma racionalidade. Ele saltitava desorientadamente, desesperadamente, loucamente. Saltitava sobre a comida, sobre outros cachorros, sobre nós que cuidávamos dele, e eu, pequena que era, não conseguia nem sequer chegar perto dele sem que fosse derrubada. Não sei o que aconteceu com esse.
Depois disso teve um que nem lembro o nome. Só lembro que era cego, surdo, mudo e perneta. Foi sacrificado.
Chega de cachorro né? Eis que surge o primeiro Kiko. Um coelhinho daqueles de filme. Branquinho, olhinhos vermelhos, redondinho... Um belo dia o Kiko encontrou uma coelhinha, e foi embora com ela, pra viver feliz para sempre e fazer coelhinhos... ‘Há!’ Doce ilusão! Foi só no ano passado, num flash back dessa história, que alguma coisa na voz da minha consciência soou irreal. Infortunamente, decidi confirmar essa memória com a minha mãe que, às gargalhadas, contou que naquele dia, quando acordou, saiu recolhendo pedaços de Kiko pelo quintal, o que o cachorro do vizinho tinha deixado pelo caminho... Disse que não acreditava que até hoje eu me agarrava à historia do Kiko ter ido construir uma família. Foi cruel.
No segundo Kiko já estava aflorando em mim a consciência ambiental que carrego nas costas até hoje – e que me dói ao passar na marginal Tietê e nos jardins bem irrigados do Morumbi. Bom, esse Kiko era um papagaio. E eu julguei não ser correto o pobre bichinho ficar preso numa gaiola. E num delírio inefável, praticando caridade e sem qualquer tipo de pestanejo, abri a gaiola e o lancei à natureza. Provavelmente o cachorro do vizinho deu um jeito nesse também, já que o pobre não conseguia voar e ficou o dia inteiro passeando pelo gramado.
Eu sei que isso já é historia pra uma vida toda, mas eu não tinha mais de 6 anos até aí. Nessa epoca – evangélica que sou – já estava aprendendo historias da Bíblia. Fiquei muito impressionada com uma, especificamente, a de Caim e Abel. Pra quem não conhece, Caim era o irmao mal, e Abel o bom. Eles faziam oferendas a Deus queimando um pouco dos seus bens. O irmao bom criava ovelhas, e sacrificou a melhor do seu rebanho, e Deus ficou feliz. Caim plantava trigo, mas era mesquinho e ofertou a Deus um trigo feio e sem vida que não lhe seria útil, Deus não ficou satisfeito... o que isso tem a ver com os meus animais de estimação? Logo as coisas vão se encaixar...
Depois de um bom período sem cachorros, minha mãe levou pra mim um filhotinho lindo! Tinha um pouco mais de um palmo de tamanho, e era uma bolinha de pelo, com aquele fucinho que desperta vontade de morder. Foi amor a primeira vista, não deixei nem minha mãe o apresentar pra casinha nova, já o tomei dos braços e passei o resto do dia o mimando e carregando pra todo lugar. No final do dia deixei ele solto e entrei em casa. Ele devia estar com sede e não encontrou sua agua porque ainda não conhecia a casa, tomou agua que escorria da maquinha de lavar roupas, cheia de sabão em pó. Essa parte da historia não é nada engraçada, e ainda me traz lagrimas aos olhos. Ele já estava desmaiado quando minha mãe o encontrou. Acreditem se quiser, ela fez massagem cardiopulmonar, manobras de ressucitação a afogamento, e ele voltou a respirar, cuspiu várias bolinhas de sabão e permaneceu vivo, mas muito doente, por mais uns 3 dias. E é aí que entra a historia de Caim e Abel! Eu estava decidida a salvar aquele filhote, e fiz uma ‘parceria’ com Deus. Eu ofertava a ele a minha melhor Barbie, que eu tinha acabado de ganhar da minha mãe, e ele salvava o cachorrinho. Queimei minha Barbie, perdi o cachorro. Tenho certeza de que Deus gostou da atitude, mas a moral da historia dos irmãos bíblicos não era pra ser tirada assim tão ao pé da letra...
E por ultimo, mas não menos importante, o meu urso panda. Esse era imaginario, hoje eu sei porque a uns dois anos atras la veio minha consciencia questionar minhas lembranças denovo! Ele morava no meio de um pé de boldo, de frente pra janela do meu quarto. E a gente brincava por ali, entre boldos e hortelãs, mas um dia ele me empurrou e eu não gostei, nós brigamos e eu nunca mais o vi.
Saudades eternas, panda.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Brasil, meu Brasil brasileiro 2

Ontem fiz o mesmo caminho de sempre da minha casa até o aeroporto. Passei por uns três pontos de venda de drogas, uma avenida em que ficam uns 5 trombadinhas esperando fechar o sinal para nos assaltar, e pelo tio que vende churrasquinho de gato na esquina. Fiz o trajeto de carro, porque o ônibus que minha empresa fornece gratuitamente para levar os funcionários é constantemente assaltado. Deixei o carro no estacionamento do aeroporto, o mesmo no qual roubaram a moto do meu amigo alguns dias atrás.
Dentre todos os lugares citados, apenas em um havia policiais trabalhando. Acertou quem imaginou a opção “o coitado do tio vendendo churrasquinho de gato na esquina”. O que é totalmente compreensível, já que, aqui em São Paulo, é terminantemente proibida a permanência de vendedores ambulantes na rua, passível de multa, apreensão de mercadoria, e detenção.
Desta vez me contenho à pura exposição dos fatos, simplesmente porque prefiro nem comentar.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Coisas de irmã mais velha 3

É difícil de acreditar, mas a mesma irmã que deixou a cicatriz de unhada que eu tenho no braço, já foi bonitinha, uma gracinha, um dia...
Outro dia estava tendo um desses momentos remember, pensando em como foi bom ter uma infância no campo. Brincar na terra, ter vários animais, conhecer plantas, arvores e, o mais gostoso de tudo, comer todos os tipos de fruta direto do pé! Todas elas a poucos metros de distancia, no quintal de casa.
Em um dia de verão, tirando proveito desse privilégio, minha irmã, com uns 2 ou 3 anos na época, estava plantada em baixo de uma goiabeira se deliciando! Minha mãe e eu só contemplávamos a cena de como ela se satisfazia com a fruta. De repente, com o olhar curioso de uma criança, ela se concentrou na fruta e começou a fuçar com o dedinho pequeno, gordo, e sujo de terra...
- O que foi filha? – perguntou minha mãe carinhosa.
Ela fuçou mais um tempo, olhou pra minha mãe, olhou pra goiaba, retornou o olhar confuso pra minha mãe e finalmente respondeu:
- Uma minhoquinha. – falando com uma normalidade absurda ao mesmo passo que tascava outra mordida na goiaba com minhoquinha e tudo!
Outro dia, com mais ou menos a mesma idade, ela se engasgou comendo sopa por ter tentado engolir um pedaço de batata inteiro. Deu uma ansiada, uma “gorfada” e cuspiu a batata de volta no prato. Esperou só o tempo de se recuperar, respirar um pouco, tomar um gole de água, e partiu de volta pro prato. Decididamente voltou a comer a mesma batata que a pouco tinha vomitado, muito satisfeita por dessa vez ter conseguido!
Bons tempos aqueles... Bons tempos!

domingo, 25 de julho de 2010

Coisas de irmã mais velha

Lembro-me como se fosse ontem os meus dias de filha única, nos quais eu implorava aos meus pais que me dessem uma irmãzinha. Aos meus nove anos de idade a irmãzinha chegou, e eu não sabia o que me aguardava. Parece que ela nasceu com uma personalidade formada e, com uma missão na vida: testar a minha paciência. A brincadeira predileta dela era decapitar as Barbies da minha coleção.
Teve um dia em que eu estava tentando ensiná-la a falar a palavra “xixi”, pra ela pedir pra ir ao banheiro e evitarmos aquele totalmente indesejável trabalho de trocar as fraldas. Minha mãe, acompanhando ao insucesso das minhas tentativas, entrou na conversa me explicando que ainda era muito cedo pra ela pronunciar palavras com esse tipo de consoantes, que exigem uma articulação maior da língua. Pois bastou ouvir isso pra minha irmã abrir aquele sorriso mostrando os dois ou três dentes visíveis que tinha na época e falar pra quem quisesse ouvir: “Xixi!”.
Os anos se passaram e, apesar dos quase 10 anos de diferença que nos separam, ela me desbancou na técnica de elaborar as melhores respostas e se sair bem na maioria das discussões. Enquanto eu me aperfeiçoei na técnica de junto dela passar pelos piores micos da minha vida.
Minha mãe é confeiteira e ainda mora na minha cidade natal, junto com a minha irmã. Em certo feriado que fui passar na casa delas, minha mãe pediu pra eu fazer uma entrega de doces sob encomenda que sua cliente estava esperando e, pediu à minha irmã, que conhece melhor a cidade do que eu, pra me acompanhar e mostrar a casa na qual eu deveria fazer a entrega.
Chegando na casa, minha irmã falou que se lembrava de já ter acompanhado minha mãe a este lugar, e falou que a mulher que vivia ali sofria de uma leve deficiência auditiva. “Meio surda”, nas palavras dela. Eu bati à porta e uma mulher me atendeu. Querendo evitar o constrangimento de falar baixo demais pra uma pessoa com dificuldade auditiva me entender, eu enchi meus pulmões e bradei o mais alto e pausadamente que pude: “Oi! As bolachas da sua encomenda!”. A mulher me olhou de cima a baixo, de boca aberta, com uma expressão que não sei se defino melhor como assustada ou indignada, pegou o pacote e entrou na casa sem dizer uma palavra. Ao fechar a porta, minha irmã fala sem mudar sua feição ou se dar ao trabalho de olhar pra mim: “Não é essa a mulher surda.”. Fiquei ali, morrendo de vergonha, totalmente constrangida esperando a cliente voltar com o pagamento. Quando ela me entregou o dinheiro, agradeci e desejei um bom dia – falando como uma pessoa normal – e fui embora. Ela nem respondeu.
Não sei se realmente existia uma pessoa com dificuldade auditiva naquela casa, mas que a minha irmã riu muito às minhas custas por causa desse episódio, isso eu mesma pude constatar.
Hoje, com 12 anos, já não posso chamar minha irmã de “maninha”, já que ela está com mais de 1,75m de altura e se tornou uma moça linda. Mas tenho certeza de que a missão dela nessa vida não acabou e aparentemente ela vai continuar trabalhando nisso por muitos e muitos anos. Te amo mana.

sábado, 3 de julho de 2010

Fim de copa

1 Dunga, 11 Sonecas, e 190 milhões de Zangados...
Mas, vejamos o lado positivo, agora que a copa acabou podemos voltar a ficar doentes - já que o atendimento médico vai voltar ao normal - e pagar nossas contas em dia - não temos mais a desculpa de que o banco tava fechado.
Também vamos poder voltar a prestar atenção nos políticos e correr atrás do prejuíso do que eles tiveram tempo pra fazer enquanto nos entretinhamos com os jogos...
E talvez dar também uma atenção especial aos milhares de desabrigados pelas chuvas no nordeste - coisa que antes era noticiada em segundo plano, logo depois dos gols da rodada.
E claro, o melhor de tudo, ADEUS VUVUZELAS!

Tédio televisivo

Em uma sexta-feira de folga, em uma tentativa frustrada de assistir televisão, comecei a me questionar a quem seria destinada a nossa televisão aberta. Ela é planejada pra qual tipo de público? Eu só queria me distrair um pouco, não ter que pensar em nada, e desfrutar da qualidade televisiva dos dias da semana (já que todo mundo fala que a TV é um lixo aos finais de semana – concordo – deveria haver algo mais interessante de segunda a sexta – engano meu).
Acompanhem as opções dessa sexta-feira entediante:
Pela manhã:
Opção 1: desenhos animados violentos alternados com uma criança mal educada atendendo a telefonemas de outras crianças e as menosprezando ao vivo. (Deve ser daí que minha irmã tira as expressões chulas pra me responder... Próximo!).
Opção 2: futebol, acompanhado das estridentes e insuportáveis vuvuzelas! (Nada relaxante.).
Opção 3: desenho animado sobre um acampamento em que o guia obrigava os seus protegidos a passar por testes de tortura, como mergulhar em um tanque com sangue-sugas, ser alvo de mordidas de bichos famintos, e aguentar um banho de marschmellows derretidos no rosto. (Divertidíssimo. É com esse tipo de informação e divertimento que as nossas crianças passam suas manhãs?!)
Opção 4: Especial Michael Jackson com musicas, shows, clipes, entrevistas... (e comentários o transformando em um exemplo de pessoa. Nada mencionado a respeito de pedofilia, drogas, sua compulsão por cirurgias plásticas ou por se tornar branco. Por quê esses rebeldes sem causa viram ídolos, principalmente depois que morrem? Assim como uma Cássia Eller e um Cazuza da vida, o famoso Michael Jackson passou a vida provando sua falta de moral e sua péssima conduta, sempre envolvido com diversos escândalos, e agora a mídia tenta me induzir a aceitar ele como um mito na humanidade. Não, obrigada.).
Desisti.
A tarde:
Opção 1: Filme O ursinho polar. (Quê?!?).
Opção 2: Comentários sobre o futebol da manhã. (E mais vuvuzelas).
Opção 3: Programa de auditório em que a apresentadora disse que eu nunca vou ficar sem amiga porque posso contar com ela. (Peraí! Foi isso mesmo que ela disse?).
Opção 4: Especial Michael Jackson com depoimentos de fãs e artistas, influencia do rei do pop nos demais artistas, e mais musicas e clipes.
Desisto.
A noite:
Opção 1: Apresentação de 5 novelas consecutivas. (Além de ser cultura inútil não tem graça nenhuma quando não as acompanha com freqüência. Passo.)
Opção 2: Programa do Ratinho! (Pqp!).
Opção 3: Fofoca sobre celebridades. (Luana Piovani foi “flagrada” tomando café no Leblon. – da série Noticias que vão mudar o mundo de um dos meus blogs preferidos, o Quibe Loko).
Opção 4: Programa de clipes especial sobre o Michael Jackson. (Ainda?!)
Boa noite.

domingo, 20 de junho de 2010

A copa do mundo é nossa!

Citação do Milton Neves, comentarista da Band, ao término do jogo Brasil (3) X Costa do Marfim (1), dia 20/06/2010:
"Hoje ganhamos dessas éguas sem freio, esses cavalo!..."
Finalmente um comentário inteligente sobre a copa!

E segue o baile...

sábado, 12 de junho de 2010

Histórias da vovó

Quem foi que disse meu Deus, que se alguém tomar sorvete no inverno, inevitavelmente, vai ficar gripado? Por acaso enviam os vírus da gripe dentro dos potes de sorvete? É uma conspiração? Porque a justificativa só pode ser essa, partindo do ponto de que se o motivo da doença fosse a temperatura do sorvete eu também não poderia tomar água gelada, nem comer uma fruta que estivesse na geladeira – mas a água gelada e a fruta não fazem mal, o problema esta diretamente associado ao sorvete. E deve ser dessas gripes das brabas, porque toda vez que chego perto do freezer vem uma voz familiar me alertando sobre ela (antigamente minha avó, hoje a sogra).
Não é engraçado parar pra pensar em todos esses mitos que nossos avós pregavam na nossa infância? E o mais engraçado, na minha opinião, é que muitos deles ainda não foram derrubados. O homem já chegou à lua, já tem cura pra quase tudo, mas continuamos não podendo tomar sorvete no inverno. E atenção mulheres: também não podemos lavar o cabelo quando estamos menstruadas. Ééé... Essa é velha! O motivo? Quando se lava o cabelo quando está menstruada você pode ficar louca! – Explicação razoável, não acham? Mas de onde surgiu isso? Eu fico me perguntando qual era o objetivo da pessoa que inventou essa fábula além de ver as mulheres com o cabelo sujo por uma semana...
E porque não podemos comer uva e leite em um espaço curto de tempo – com a justificativa de que pode fazer mal - se existem doces, sorvetes, picolés, etc. que misturam os dois ingredientes, e mesmo os comendo ao mesmo tempo não sentimos nada? O mesmo com manga, melancia, laranja...
E falando em passar mal, temos também a lenda do bolo quente. Mas essa já é manjada, é claro que é só pra nos fazer esperar pelo momento certo de cortar o bolo – depois das refeições, por exemplo. Então, se você nunca tinha pensado nisso antes, vá para a cozinha, asse um bolo e ao tirar do forno o corte na hora, sem dó nem piedade e nem medo, porque não vai haver dor de barriga alguma!
Essas historias são as mais generalizadas, que se pode ouvir em qualquer lugar. Mas sei bem que cada família tem as suas... Na minha, por exemplo, minha avó dizia que criança não podia comer bala de hortelã porque era muito forte... Todo mundo conhece essa bala e sabe que está longe de ser um halls preto, é uma balinha de chá! Mas enfim, a vó falou, tá falado.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Um pouco de tempo perdido...

Hoje, 09 de junho de 2010, em meio a um conturbado final de semestre da faculdade e uma crise de sinusite, me dei ao luxo de me jogar no sofá com um cobertor e um bolo coberto com uma exagerada camada de brigadeiro pra assistir um filme, dispondo de todo o tempo do mundo e dando as costas pra todo o resto. O filme foi “O Solista” – recomendo.
Trata-se de uma historia verídica sobre uma improvável amizade entre um jornalista do LA Times e um sem teto esquizofrênico que toca violoncelo pelas ruas onde vive. Enfim, não darei mais detalhes sobre o filme para não entregar o jogo a quem ainda pretende assisti-lo mas, o fato é que, ele me remeteu instantaneamente a um vizinho, que morava na calçada do meu prédio em Porto Alegre.
O homem era surpreendentemente educado, cumprimentando sempre muito cortês a todos que cruzavam seu caminho e, em contra partida, ouvindo poucas respostas de volta. Por pura curiosidade e falta de quem cumprimentar nas ruas abarrotadas de estranhos daquela cidade, eu respondia. Ate que um dia ambos paramos em um sinal de pedestres fechado esperando para atravessar a rua. Ele olhou pra mim e apontou um prédio: “Sabe o que eles fazem lá? É o hospital do câncer de Porto Alegre. Trabalham com tais e tais diagnósticos – citou inúmeros termos médicos que eu não conseguiria reproduzir nem com a escora de um dicionário – e os medicamentos são estocados no primeiro andar, cerca de 3347 exemplares, nitrato de...”. Desculpem a ignorância, sou realmente péssima em fórmulas de química e física, assim como não posso relatar com a precisão científica as teorias de física quântica nas quais ele acredita.
Quanto tempo leva para abrir um farol de transito? Três minutos? E lá estava eu, boquiaberta e intelectualmente ignorante demais para travar uma conversa com aquele sujeito maltrapilho que eu vejo comendo restos de comida na calçada. Ao conseguir atravessar a rua cheguei em casa e joguei todas aquelas informações no Google para me certificar de que não se tratava de um blefe, mas não, o cara realmente sabia do que estava falando.
Eu poderia entrar na eterna reflexão de como as pessoas se deixam julgar pelas aparências, muito clichê. Prefiro me ater a uma indagação bem mais complexa: Será que aquele homem estava ali por opção? Ou que tipo de decepção pode fazer um homem realmente desistir de tudo? Queria encontrá-lo novamente e, assim como me permiti ficar atirada no sofá hoje, parar de desperdiçar tanto tempo com o trabalho e doar algumas horas a ele.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Coisas da aviação 5 - Perdendo a compostura

Nem só de voos se faz a aviação, mas também de reservas e sobre-avisos. Essa tal de reserva consiste em montarmos a produção completa – toda a fantasia de comissária – ir para o aeroporto e passarmos 6 horas sentadas, comportadas e com cara de paisagem, esperando que ninguém falte para que não precisemos assumir nenhum vôo e poder voltar pra casa. Como vocês devem imaginar, essas 6 horas sentada no seu local de trabalho sem nada para fazer não passam, se arrastam! Ainda mais quando essas seis horas de reserva começam as 6:00h da matina! Considere que, para estar montada as 6:00h no aeroporto, é necessário acordar no mínimo as 4:30h da madrugada. Nem o horário nem o trabalho colaboram para manter o bom humor nesse caso, e tudo o que a gente mais quer é conseguir dar uma cochilada pra ver se o tempo passa mais rápido.
Era isso eu estava tentando fazer na semana passada. Depois de ter acordado as 4:30h da manhã, nada mais digno do que tirar uma soneca num sofá esquecido num canto da sala de reservas, e o soninho logo veio... mas de repente:
“Tec! Tec! Tec!...”
Fui desperta por um daqueles barulhinhos bem irritantes! Olhei pro lado e era um comandante batendo uma hastezinha numa caixinha de plástico. Quando identifiquei o barulho ele parou. Voltei a cochilar.
“Tec! Tec! Tec!”
Acordei num susto dessa vez. Quando olhei ele parou, acho que percebeu que estava incomodando... e olha o soninho voltando...
“Tec! Tec! Tec!”
“Grrrr... Que raiva! Ele não vai parar???” Me remexi e ele levantou... “Graças a Deus ele foi voar, vou tirar meu cochilo em paz...”
“Tec! Tec! Tec!”
“Não é possível! Ele Voltou!”:
- Comandante! O senhor ta querendo arrancar esta haste?! Me dá aqui que eu arranco pra ti!” – eu falei com numa cara de louca.
- Não, eu tava só brincando com a caixinha.
A minha cara de louca continuava. Ele olhou pro comandante do lado e falou: “Imagina isso daí brava...”, apontando pra mim.
- Isso que eu nunca vi na vida, imagina se me desse confiança! – a cara mais louca do que nunca.
- No terceiro dia de vôo já ta mandando calar a boca. – disse ele com um risinho sem graça.
Não agüentei. Caí na gargalhada! E ele também. Acabamos conversando como velhos amigos e ele disse que por um momento chegou a ficar com medo... mas que sabe que essas surtadas fazem parte do negócio.
Já em outro vôo foi acionado na reserva um comissário que... como eu posso me expressar pra entender a gravidade da situação?... Um comissário que não tem vergonha de assumir sua saída do armário. Daqueles que qualquer um olha e fala: “Essa fanta é uva!”, “Esse pitbull é Lassie”, e afins... enfim, bem Barbie Girl! Já o comandante era o total avesso, do tipo mais grosso que dedo destroncado...
Ao ver o mais novo integrante da tripulação o comandante já lançou aquele olhar de revesgueio, de quem já entendeu com que lidava, e falou com voz grossa: “Vou fumar!”
- Ah não captain! Fumar é feio!! Cadê a elegancia? Não vai fumar não captain...” – disse o comissário cheio de si.
E sem hesitar nenhum segundo, como se tivesse com a resposta preparada uma vida inteira o “captain” responde:
- Piá, na minha época feio era dá o cu!
E segue o baile...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Coisas da aviação 4

E não é que uma vivente daquelas bem das colônias, gaúcha da fronteira, dos pampas mesmo, daquelas que quando passa frio em qualquer lugar é culpa do tal do minuano, resolve ser aeromoça.
E pra ser essas mocinha aí do ar tem que ser coisa fina! Falar manso e criar a tal da compostura que eu não sei nem onde se compra!
Mandaram, lá em cima, a pobre da guria anunciar que ia ter um “sorvete no palito de tangerina” pra peãozada comer a bordo, e assim fez.
Quando começou a oferecer o tal do sorvete que ela conheceu a vida inteira por picolé um a toa solta a pérola: “SORVETE? Pra mim isso aqui não é sorvete!! É picolé! Pi-co-lé!”.
E com a tal da compostura que a moça criou ela responde: “Meu senhor, pra mim não é nem sorvete, e nem tangerina, é ber-ga-mo-ta!”.
E segue o baile!

Coisas da aviação 3

A aviação é um oficio regido por regras militares rígidas, com poucas exceções. Essas exceções tem nome, sobrenome, e altos cargos. Pois a filha de uma dessas exceções embarcou em um vôo de jato executivo com um macaco no colo, afirmando que o bicho iria solto (o que é proibido por lei, e por questões óbvias de segurança - imaginem quantos botões um macaco pode apertar se entrar na cabine de comando) porque ela era filha de ciclano.
Pois bem, o primeiro oficial e o comandante do vôo não fizeram nem menção de contrariar a criatura, que entrou serelepe aeronave adentro com seu irmão primata.
Mas era lógico que os dois militares não iriam deixar aquilo barato. Talvez um pequeno incidente pudesse acontecer no caminho... e não é que aconteceu?
Sem se lembrar que o pequeno animal literalmente macaqueava pelo avião, ele abriu uma pequena janelinha que na época esse tipo de avião, que não é pressurizado, tem no teto. Demorou dois segundos pra pressão do ar interno e a força do vento la fora sugar o pobre bicho que, se não aprendeu a voar... essas horas ta no planeta dos macacos.
Mas, maldades a parte, nem só de corações peludos se faz a aviação. Também há aqueles que são bonzinhos até demais! Para não pagar uma passagem extra para levar seus pets a bordo, algumas pessoas optam por deixá-los no compartimento de bagagens mesmo, no porão do avião. Minha ética profissional não me permite falar muito a respeito, mas eu realmente não recomendo... Enfim, um veterinário seguiu para um vôo com destino a Brasília com um cachorro despachado como carga. Os funcionários de carga, ao retirar o animal do porão, não demoraram muito a perceber que o animal estava morto. O bicho estava gelado, e não se mexia a pelo menos meia hora. Sem saber o que fazer, e sem conseguir medir quanto das conseqüências daquele acidente iriam sobrar pra eles, resolveram dar aquele jeitinho brasileiro na situação... juntaram todo o dinheiro que tinham e foram comprar um cachorro da mesma raça pra pôr no lugar do outro.
Ficaram de olho no momento em que o dono do animal o pegava para ter certeza de que ele engoliria a troca. Viram de longe a cara de surpresa do veterinário enquanto falava: “Ué! Eu trouxe um cachorro morto pra fazer minhas pesquisas! Como esse cachorro vivo veio parar aqui na minha caixa?!”.
Como diz meu sábio instrutor: “Parabéns tripulantes! Estamos piorando satisfatoriamente!”.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Medo de túnel

Será que só eu por aqui tenho a impressão de que nasci na era errada? E ao contrario de alguns grandes nomes eu não estou à frente do meu tempo, mas sim com uma mentalidade atrasada (pelo menos algumas décadas) e sem conseguir acompanhar as “modernidades” da nossa civilização atual... que dão medo!
Impossível não pegar a rodovia Imigrantes (São Paulo – Litoral) sem pensar que algo muito não natural acontece por ali... Circulamos cerca de 10km pelo meio de montanhas!! E não se trata de um tipo de gruta ou obra da natureza, é pura e devastadora ação humana. Metrôs já desafiam as leis da física e da gravidade sustentando em seus pilares asfaltos, carros, prédios... Sem desmoronar. Mas sustentar montanhas? Medo!
Outra: Vocês sabiam que o rio Tietê é asfaltado? Como fizeram aquilo? E por quê? Como trancaram a água do rio até cimentarem, fazerem acabamentos e peripécias, deixar secar...? Medo! E porque não gastaram esse tempo e dinheiro se preocupando em recuperar o rio ao invés de pavimentar ele?...
E quando esses infelizes animais racionais vão começar a entender o valor da água, e as conseqüências da sua ausência ou escassez? Pois não há um santo dia sem que eu passe na rua por alguém lavando calçadas, carros, paredes, e até (acreditem) o asfalto da frente de suas casas com potentes mangueiras de pressão! Raiva!
Enfim, enquanto isso, a pobre da minha irmã era sacrificada na infância por arrancar as flores da minha mãe dos potes pra ver se a raiz já tinha crescido e para enterrar seus anéis (mente fértil não é? A maioria das crianças se contentaria em ver o crescimento das flores... mas não ela!)... e por carregar nossos animais de estimação pelo pescoço (isso era eu quem não gostava).

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Photoshop do mal



Está em votação no Congresso Nacional o projeto de lei que proibe o uso de photoshop em revistas de moda sem que o mesmo esteja informado na matéria da publicação, afim de não impor estereótipos de beleza inalcançáveis para as mulheres brasileiras. O não cumprimento da lei acarretaria na bagatela de R$50.000,00 em multa para a editora responsável.



Ok, valeu a intenção, mas isso não vai fazer com que nos sintamos melhor.



Segue o baile!

Especial de páscoa

Baseado em fatos reais...

Uma turma de jovens no interior do Rio Grande do Sul se preparava pra sair de casa rumo a uma festa. A mãe de um dos adolescentes o acompanhou até o carro para se despedir dele e dos seus amigos e disse: “Divirtam-se, e que Deus os acompanhe!”
Um dos jovens respondeu prontamente: “Neste carro não tem lugar pra Deus, não! Só se ele for no porta-malas!”. Todos os demais concordaram às gargalhadas...
Algumas horas depois este carro foi um dos envolvidos em um trágico acidente. Todos os ocupantes do veículo morreram na hora e, a única parte do carro que ficou intacta, sem nenhum arranhão, foi o porta-malas... dentro deste havia uma caixa de ovos, que a família comercializava e da qual tirava seu sustento, nem sequer um ovo se quebrou...
Acredito que essa seja a hora de a nossa geração recuperar alguns valores fundamentais: a família, o respeito pelos mais velhos, o respeito por Deus, e pela própria vida. Espero que esta páscoa seja um momento de reflexão, e não de mais acidentes como este, como vemos em tantos outros feriados.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Coisas da aviação 2

Em um certo “rali dos sertões” – é assim que é conhecido o vôo com várias escalas no nordeste entre os tripulantes - os passageiros começaram a reclamar do mal cheiro vindo do banheiro. Muito solícita, a comissária de vôo prontamente foi explicar aos seus clientes que já estava tentando resolver a situação, e logo o cheiro deveria se dissipar. Até que uma passageira, inconformada, dispara: “Rábutôgleidi?”
- Perdão, senhora, não entendi. – Responde a comissária.
- Rábutôgleidi minha fia?
- Desculpa senhora, pode repetir, por favor?
- Ôxi! Rábutôgleidi ou não!?
- Só um momento, vou verificar...
Sem entender nada, a tripulante foi conversar com a chefe de cabine de vôo perguntando se ela sabia o que era isso, o que a passageira estava tentando dizer. A chefe do vôo, já as gargalhadas e visivelmente divertida com a situação, mandou ela responder “rábutêi” e voltar que ela lhe explicaria tudo...
A comissária fez isso, e se surpreendeu quando percebeu que a passageira ficou completamente satisfeita com a resposta.
Então ao voltar pra área da tripulação recebeu a tradução: “Rábutôgleidi: Já botou Glade.” O aromatizante de banheiros. E a resposta: “Sim, rábutei!”, ou seja, “já botei”.
Antes de conhecer as diferentes culturas do Brasil mais de perto, eu pensei que jamais conseguiria decifrar esse tipo de coisa. Agora, com um pouquinho mais de experiência, até me sinto falando a mesma língua, pelo menos na maior parte do tempo. Mas sempre tem gente que se supera.
Como o caso da senhora que no serviço de bordo falou que gostaria de um “zúpi”.
- Zúpi, senhora? Não temos. Apenas iogurte, suco e refrigerante.
- Como não tem Zúpi?? Eu estou vendo! Ta bem aqui! – disse ela apontando para um 7up. Aquela criatura abensoada achou que o 7 era um “Z” e ficou indignada por não termos pensado nisso.
- Ah sim, senhora! Eu não tinha visto, perdão. (Foi muito mais fácil que explicar que focinho de porco não é tomada).
Também é muito freqüente nesse rali, as pessoas perguntarem: “Moça! Tem Jesus?”
Antes de você responder: “Sim, fui batizada e tenho Jesus no coração” saiba que lá, no nordeste, existe um guaraná vermelho chamado Jesus, e que só é fabricado lá, assim como a cerveja Polar só é fabricada no sul. Eu nunca experimentei, mas pela demanda deve ser “divino”.
Mas chega de pérola de passageiros por hoje. Não posso deixar reproduzir pelo menos um comentário que rola entre tripulação, por trás das cortinhas...
Muito irritado pelo fato de nossos passageiros argentinos pedirem simplesmente tudo que temos a bordo de um avião, um comissário diz pro outro: “Meu, o cara pediu café com leite, coca, água, vinho, chá, suco... tudo!”
Calmamente o outro responde: “Joga tudo num só copo, bate, faz um capeta, e entrega pra ele.”
A gente ganha pouco mas se diverte.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Filosofando...

"Homem é igual cabelo. Um dia a gente prende, no outro, solta. Um dia alisa, no outro enrola. Um dia a gente tem que amaciar, no outro é só jogar de lado que ele fica ótimo! Dá um trabalho... mas que mulher consegue viver careca??"

Juliana Paes

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Uma mente brilhante

- Mana! O que é isso?! – perguntava apavorada a minha irmã caçula, no auge de seus 2 anos, se referindo ao seu primeiro hematoma na perna.
Como boa irmã mais velha que sou, na época com 12 anos – e tirando uma visível vantagem dos meus 10 anos de experiência de vida a mais que ela – respondi:
- Nossa!! Eu não quero te assustar, mas tua perna vai apodrecer e cair!
Eu sei que contando assim parece crueldade, ainda mais se for levado em consideração que ao ouvir essa resposta terrorista ela se pôs a soluçar até cair em prantos com medo de perder sua perninha. Mas acreditem, além de ela já ter devolvido esse tipo de resposta na mesma moeda, hoje em dia ela tira uma vantagem extravagante no quesito respostas infames se comparado ao meu pobre repertório.
Mas como já diz o ditado, recordar é viver, e gosto de me lembrar dos bons tempos em que ela caia nos meus contos.
Como no dia em que ela reparou em duas cicatrizes que tenho nas duas pernas, exatamente do mesmo tamanho, da mesma forma, e na mesma posição e altura. Consegui estas atravessando uma cerca de arame farpado pra buscar a bola que tinha cruzado para o outro lado da cerca. Ao me perguntar como eu tinha feito aquilo, prontamente respondi que foi um índio muito perigoso que tinha me acertado com uma flechada enquanto eu andava na rua. A flecha foi tão certeira que atravessou as duas pernas e deixou a cicatriz dos dois lados.
- Nossa mana!
- Pois é. índios são muito perigosos, Nadine. – Ela tinha no máximo 3 anos quando inventei essa. E, ano passado, resolvi testar a sua memória e ver se ela ainda se lembrava do que o tal índio tinha feito comigo...
Nesta oportunidade, já com 12 anos, me perguntou o que eu tinha feito na perna que havia sido arranhada recentemente e ainda estava com as marcas – e pra ser bem sincera eu ainda nem tinha percebido.
- Então, Nadine, você se lembra daquele dia em que um índio me acertou com uma flechada que atravessou minhas duas pernas?
- Sei. – respondeu ela contendo o riso, provavelmente ao mesmo momento em que caia a ficha de que havia sido traída pela sua memória e que essa história não poderia ser verídica.
- Eu encontrei denovo esse índio, e ele continua perigoso. Só que desta vez, ele estava sem flechas. Quando me viu pegou um gato na rua, que foi a primeira coisa que apareceu na sua frente, e o arremeçou com seu arco contra as minhas pernas. E olha aqui o que o gato fez!
- Certo que tu tens problemas. – foi o que ela se limitou a dizer desta vez.
Ao parar pra pensar eu concordei com ela.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Coisas da aviação 1

Nesse mundo da aviação de meu Deus, descobri que o gosto duvidoso dos nossos hermanitos argentinos vai além dos pentiados e ídolos não politicamente corretos que fazem apologia às drogas e entorpecem jogadores da seleção brasileira com água batizada... enfim, eles também fazem combinações estranhas na sua culinária, como o famoso “té con leche” (chá com leite).
E como todo comissário de vôo é um ótimo interprete das mais variadas linguas e dialetos, ao ouvir um passageiro pedir o tal do “té con leche” o moço responde: “Tem colete (salva-vidas) sim, mas é só pra tripulação. Pro passageiro tem o assento que é flutuante”.
Feliz 2010!